Muitas são as formas de passarmos pelo mundo. Muitos são os caminhos, obstáculos, realizações. Mil são as nossas colinas diárias a serem transpostas. Do alto de cada uma delas, podemos observar nossos rastros olhando para trás e, adiante, contemplando o horizonte, o que queremos realizar.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Moda sustentável/Consumo consciente
Fashion Revolution Day
            O evento We are Fashion Revolution  que aconteceu em Campinas dia 24 de abril foi um sucesso.  O local escolhido para abrigar o acontecimento foi o auditório da Livraria da Vila, no Shopping Galeria, e diante de um auditório lotado, as palestras foram focadas sobre as questões sociais e sustentáveis que envolvem os negócios de moda e como as pessoas envolvidas hoje nesse universo não podem eximir-se de pensar sobre a cadeia produtiva envolvida nesse segmento, bem como os impactos dos processos produtivos na confecção de peças do vestuário. Pensar e refletir sobre a origem das roupas que usamos, sobre as pessoas que participaram de sua confecção aqui e além mar, sobre a exploração econômica do fashion business é hoje uma questão de honra para aqueles que vêm a moda para além do consumo de marcas.
            Patrícia SantAnna, da Tendere, organizadora do evento, deu início ao ciclo de palestras, falando sobre a ideia de reflexão sobre o nosso próprio consumo, de conhecer todo o caminho  do processo produtivo que envolve a confecção do vestuário. Nem sempre esse é um caminho fácil, mas ele é necessário. O consumidor deve também pensar na sua forma de consumir, comprando aquilo que lhe é necessário e pensar antes de comprar, se realmente vai usar: exercer o seu poder de escolha. Outro assunto abordado por Patrícia foi a reutilização de roupas, tanto a compra em brechós como a transformação/reforma de peças usadas.
            A relação afetiva com nossas roupas também foi abordada por ela: Por que resistimos a nos desfazer de peças de roupas que não usamos mais? Por que guardamos algumas peças e não outras? Qual o significado de certas peças? Ao pensarmos sobre isso, chegamos à própria história do que usamos, além da possibilidade da reconstrução da memória através da história de peças uma vez que o guarda-roupa é um repertório de histórias da vida.
            Assim, ainda de acordo com a palestrante, a moda consciente aborda diversas questões:
- Você conhece a cadeia de suprimentos de moda?
- Os processos de criação, produção e distribuição da moda?
- O ciclo de vida de uma peça?
             A produção de roupa envolve desde a produção da matéria-prima - algodão, seda, linho, por exemplo, ao design, confecção da peça piloto (pensando no corte e nas formas possíveis de se evitar o desperdício nesse momento), seleção, produção, distribuição, venda (atacado e varejo), uso e descarte. Em todas essas situações, os impactos sociais e ambientais são inevitáveis.
            Portanto, saber sobre esse processo é importante para refletirmos nosso papel enquanto consumidores e um dos papeis do Fashion Revolution Day é pensar sobre o lugar confortável do consumidor enquanto ignorante dos acontecimentos e impactos desse caminhar. É preciso retirar o consumidor da postura confortável de ignorância na qual se encontra sobre as mazelas que ocorrem durante o processo produtivo de roupas principalmente em países pobres da Ásia que acabam acarretando tragédias como a do Raza Plaza.
            Por fim, Patrícia SantAnna abordou a necessidade, para quem faz moda, de avaliar o ciclo de vida de suas criações e melhorar/diminuir os impactos. Para isso, elencou alguns aspectos do design sustentável:
- Design pela empatia;
- Baixo impacto de materiais e processos;
- Desperdício zero;
- Durabilidade do produto;
- Produção ética/comércio justo;
- Redução do transporte;
- Reuso;
- Multifunção;
- Reciclagem e reforma;
- Produção sob demanda;
- Produção de ciclo fechado
            O segundo palestrante do evento foi    Marcos Vaz, falando sobre Inovação e sustentabilidade (Sustentabilidade e Moda) e trazendo para a discussão o conceito de externalidade - a situação em que o custo de alguma ação é transferido para outros, ou seja, aquele ou o que gera a externalidade não é o que paga por ela. Assim, quem paga pelas externalidades são as minorias, os mais vulneráveis.   
            Falaram ainda Fernanda Junqueira e Brígida Cruz, sobre reuso, customização, roupas usadas: Moda consciente, com Rosângela Rubbo, e Ana Vaz.
            Desde já aguardamos a próxima edição do Fashion Revolution Day!



                                                                                                                                                          
 Patrícia SantAnna e Marcos Vaz durante o debate
 Patrícia SantAnna fala sobre Fashion Revolution
Andréia Couto e o Estilista Marcio Pereira aguardam abertura do evento

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