Muitas são as formas de passarmos pelo mundo. Muitos são os caminhos, obstáculos, realizações. Mil são as nossas colinas diárias a serem transpostas. Do alto de cada uma delas, podemos observar nossos rastros olhando para trás e, adiante, contemplando o horizonte, o que queremos realizar.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Moda e Cultura

Museu do Objeto brasileiro A Casa apresenta exposição Renda-se
  
O curador da mostra é o designer Dudu Bertholini que também participa da exposição com uma peça exclusiva. Além da exibição das peças no saguão do museu, o visitante também pode assistir a um vídeo na parte superior do prédio, em que os estilistas falam sobre o processo criativo das roupas.

Trata-se de um projeto elaborado a partir do trabalho de diversos estilistas em comunhão com o trabalho de rendeiras brasileiras. Inspirados nos trabalhos atemporais das artesãs, cada um criou uma peça tendo como elemento principal a renda. Além de valorizar esse importante trabalho manual típico das nossas rendeiras, a mostra pretende também focalizar elementos essenciais da cultura brasileira, ao resgatar para o universo da moda traços típicos da nossa herança cultural, criando uma identidade única. Outro ponto importante a ser salientado em um trabalho dessa natureza refere-se ao resgate de uma atividade centenária, passada de mãe para filha, mas que, devido a pouca remuneração e por ser um trabalho que exige muita dedicação, paciência e expertise, tem sido abandonado pelas gerações mais jovens. Ao tratar a renda como assunto de moda, inseri-la de forma competitiva no mercado, reconhecer o trabalho das rendeiras e remunerá-las de maneira digna e justa, faz com que o trabalho ganhe a importância devida e não caia no esquecimento das futuras gerações. Essa arte deve ser não somente reconhecida, como também protegida como um patrimônio cultural.

Participam da mostra Walter Rodrigues, com a Associação de Rendeiras de Morros de Mariana, com as rendas de bilro de Parnaíba, Piauí; Lino Villaventura, apresenta a renda filé com Perpétua Martins, de Fortaleza, Ceará; Adriana Barra e André Lima com o Clube de Mães de Camalaú, da Paraíba e Amapô e Samuel Cirnansk trabalham com a renda irlandesa da Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora, de Sergipe; a grife Neon, de Dudu Bertholini; Rita Comparato e Huis Clo usam o labirinto em parceria com a ONG caiçara, em Icapuí, Ceará; Liana Bloisi focaliza e traço exclusivo da tramóia do bilro com Elita Catarina Ramos, de Florianópolis, Santa Catarina; e por fim, Martha Medeiros trabalha a renascença e o bilro de Alagoas em sua peça.

Paralelamente são exibidas peças de coleções próprias de designers como Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch, Cavalera e Zuzu Angel. Os assessórios ficam por conta de Sabrina Chapéus e Christopher Alexander.









A Casa


Criada em 1997, a instituição foi idealizada por Renata Mellão e inicialmente instalada à rua Coronel Irlandino, nos Jardins e em 2014 a nova sede, projetada pelo arquiteto Luiz Fernando Rocco, passou para a Av. Pedroso de Morais, 1216, em Pinheiros, em São Paulo. Trata-se de um importante espaço cultural que abriga trabalhos de designers e artesãos, cujo objetivo é valorizar o objeto brasileiro. Além disso, apóia a troca de informações entre esses criadores e instituições, estudiosos sobre o assunto, associações, profissionais, gestores, valorizando e permitindo uma reflexão sobre a produção desse ramo de atividade.

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