Museu do Objeto brasileiro A Casa apresenta exposição Renda-se
O curador da mostra é o designer
Dudu Bertholini que também participa da exposição com uma peça exclusiva. Além
da exibição das peças no saguão do museu, o visitante também pode assistir a um
vídeo na parte superior do prédio, em que os estilistas falam sobre o processo
criativo das roupas.
Trata-se de um projeto elaborado
a partir do trabalho de diversos estilistas em comunhão com o trabalho de
rendeiras brasileiras. Inspirados nos trabalhos atemporais das artesãs, cada um
criou uma peça tendo como elemento principal a renda. Além de valorizar esse
importante trabalho manual típico das nossas rendeiras, a mostra pretende
também focalizar elementos essenciais da cultura brasileira, ao resgatar para o
universo da moda traços típicos da nossa herança cultural, criando uma
identidade única. Outro ponto importante a ser salientado em um trabalho dessa
natureza refere-se ao resgate de uma atividade centenária, passada de mãe para
filha, mas que, devido a pouca remuneração e por ser um trabalho que exige
muita dedicação, paciência e expertise, tem sido abandonado pelas gerações mais
jovens. Ao tratar a renda como assunto de moda, inseri-la de forma competitiva
no mercado, reconhecer o trabalho das rendeiras e remunerá-las de maneira digna
e justa, faz com que o trabalho ganhe a importância devida e não caia no
esquecimento das futuras gerações. Essa arte deve ser não somente reconhecida,
como também protegida como um patrimônio cultural.
Participam da mostra Walter Rodrigues,
com a Associação de Rendeiras de Morros de Mariana, com as rendas de bilro de Parnaíba, Piauí; Lino Villaventura,
apresenta a renda filé com Perpétua
Martins, de Fortaleza, Ceará; Adriana Barra e André Lima com o Clube de Mães de
Camalaú, da Paraíba e Amapô e Samuel Cirnansk trabalham com a renda irlandesa da Associação para o
Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora, de Sergipe; a grife Neon,
de Dudu Bertholini; Rita Comparato e Huis Clo usam o labirinto em parceria com a ONG caiçara, em Icapuí, Ceará; Liana
Bloisi focaliza e traço exclusivo da tramóia
do bilro com Elita Catarina Ramos, de Florianópolis, Santa Catarina; e por
fim, Martha Medeiros trabalha a renascença
e o bilro de Alagoas em sua peça.
Paralelamente são exibidas peças
de coleções próprias de designers como Ronaldo Fraga, Alexandre Herchcovitch,
Cavalera e Zuzu Angel. Os assessórios ficam por conta de Sabrina Chapéus e
Christopher Alexander.
A Casa
Criada em 1997, a instituição foi idealizada por Renata Mellão e inicialmente instalada à rua Coronel Irlandino, nos Jardins e em 2014 a nova sede, projetada pelo arquiteto Luiz Fernando Rocco, passou para a Av. Pedroso de Morais, 1216, em Pinheiros, em São Paulo. Trata-se de um importante espaço cultural que abriga trabalhos de designers e artesãos, cujo objetivo é valorizar o objeto brasileiro. Além disso, apóia a troca de informações entre esses criadores e instituições, estudiosos sobre o assunto, associações, profissionais, gestores, valorizando e permitindo uma reflexão sobre a produção desse ramo de atividade.
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