O meu pé de laranja lima
No
dia 24 de março de 1974, ganhei oficialmente meu primeiro livro de literatura
infanto-juvenil. Até então a biblioteca da nossa casa destinada às crianças era
composta de coleções de livros de Andersen e irmãos Grimm, a coleção O mundo da criança e outros tantos
livros de contos de fadas e fantasia. Lia-se muito naquela casa e sempre tinha
gibis para mim e meu irmão. A televisão era restrita a determinados horários, o
quintal da chácara onde morávamos era imenso e cheio de atrativos, portanto o
horário da pausa para ler era muito grande. Na época em que ganhei O meu pé de laranja lima, do José Mauro
de Vasconcelos, lia escondido revistas de fotonovela das minhas tias e algumas
revistas femininas da época, pois meus pais não me deixavam chegar perto delas.
Também lia escondido alguns livrinhos de bolso muito populares naquele tempo,
os faroestes, da série Stefania, mas meus favoritos eram os de espionagem,
escritos por Lou Carrigan: Brigite Monfort, a espiã poderosa de cabelos negros
e olhos azuis, que viajava o mundo inteiro, falava vários idiomas, lutava artes
marciais, se metia em várias enrascadas e saía ilesa de todas elas. Tinha uma
legião de ajudantes espiões espalhados pelo planeta, aos quais chamava de
“Johnny” e namorava o mais esperto e brilhante espião de todos os tempos: o
Número Um.
Nesse
ano de 1974 ganhei outro livro que até hoje adoro: Seleções, do Malba Tahan.
Algum
tempo depois (03/08/1977) do O Meu pé de
laranja lima, ganhei da minha tia Isa meu primeiro livro de poesia: Eu e Você, do Paul Géraldy e daí minha
biblioteca foi crescendo e ainda tenho todos os meus livros ganhos desde a
infância, sempre com a data em que foram recebidos. Por onde quer que eu vá, a
cada mudança, são cuidadosamente embalados e na chegada à casa nova ganham novo
espaço, e depois de limpos, voltam a fazer parte da minha vida. Uma frase dita
pelo personagem Zezé, do O Meu pé de
laranja lima, me vem à cabeça nessas ocasiões de mudança - e já foram
muitas: “Casa nova. Vida nova e esperança simples, simples esperanças”. E lá
vamos nós, eu e meus livros, para um novo lar.
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